domingo, 9 de agosto de 2009

- professor ;

Vinte anos e pela primeira vez eu não acordo na ponta dos pés pra buscar um embrulho escondido no guarda-roupa, que geralmente seria um tenis, agasalho novo ou celular, minha mãe nunca foi das mais criativas. Nos primeiros dez, eu gostava de correr e te abraçar muito, fazer dengo extremo e dizer as coisas bonitinhas que dona Rita mandava, já os anos seguintes foram aqueles em que eu teimava me fazer pequena diante do seu amor pelo time de handball. É, eu gosto de culpar os seus atletas por qualquer motivo de terapia necessária hoje em dia, e você sabe disso. Cresci resmungando ciumes e me fazendo de vitima para com seu tempo escasso comigo, achava muito mais fácil culpar assim meus piercings e cabelo que não te agradavam. Mas me deixa fazer diferente, hoje.
Eu sempre achei sublime sua boa vontade com as coisas e pessoas que você se envolvia, um cara determinado e focado em tudo que era importante para seu desenvolvimento pessoal e profissional. Colocando uma paixão intensa em cada ato, e sempre tendo consigo que sua satisfação e o bem estar dos que estão do seu lado é o resultado final que importa. Humildade poderia ser seu sobrenome, e responsabilidade a melhor herança que você me deixou. Tenho em ti um espelho de valores incontáveis que me transformam cada dia numa pessoa melhor que só pensa em corresponder às suas expectativas quanto ao meu crescimento. Você é meu herói, mas isso é cliché de se dizer. Meu peito estufa mesmo ao saber que é o herói de mais da metade das pessoas que conhecemos, e com toda razão, afinal, cá pra nos, você é o cara !
É, hoje é dia dos pais e eu não consegui me prender muito em coisas bonitas que possam te tocar de verdade, mas é que antes de pai, você é o homem da minha vida, o único ! Mesmo que eu não demonstre constantemente, guardo em mim tremendo orgulho de ser a Camila filha do Celso, e não só por conta dos olhos verdes que você me deu. E que venham mais vinte anos de brigas, tenis e agasalhos, porque não importa a distancia que eu corra, sempre vai ser pra estar mais perto de você em forma de orgulho e agradecimento, papai querido !

terça-feira, 21 de julho de 2009

- afabilidade ;

Todo dia eu tenho uma história de amor pra contar, e conto melhor se for regada a blues e coração partido. Mas me deixe confessar que a maior das histórias de amor que eu vivi em experientes vinte anos, e sinta a ironia da infantilidade dessa frase com um risinho confesso de ' não sei nada dessa vida ainda, e talvez nem venha a saber ', foi uma tal chamada amizade. Caso de amor que acontece despropositalmente, por qualquer ligação oportuna do destino que junta dois corpos ligados pela química do companheirismo que consola qualquer peito apertado por dor inominável. Quem aparece na sua casa com brigadeiro num dia cinza, e não vai ligar pro seu penteado desregular combinando com o pijama dor de cutuvelo às três da tarde, ou vai te chamar pra um sorvete sem pretensão no meio do tédio de domingo ensolarado. Pode te ligar a qualquer hora do dia, e ênfase bem clara e destacada ao qualquer, pois amigos parecem ter súbita preferência aos horários inoportunos. Sim, amigos te viram com o rosto inchado de chorar, ou de dormir, ou de tirar os cisos e não poder sair de casa pra ver mais ninguém, ou de tomar bofetadas por estar defendendo alguma causa inesquecivel que vocês nem mais se lembram, naquele ultimo porre. assistiram seus pais brigando, ou mimando você, ou qualquer outra coisa que você sempre vai achar que pais não devem fazer na frente dos seus amigos, mas como que por contrato telepático, sempre fazem e seus amigos, bons amigos esses, veja bem, sempre acham graça no canto da sala. Amigos reclamam da distancia, mas aparecem no seu portão quando você pede, e quando você não pede também. Passam madrugadas a fio ( fingindo que estão ) bem acordados pra escutar suas lamurias e contar duas besteiras a fim de ver um sorriso no seu rosto que te traga o mínimo de disposição pra deixar a tpm pra amanhã e caçar caminho da cama. Diz que você ta gorda, que seu cabelo novo não esta legal, que sua letra é feia e sua banda preferida é um lixo, nunca vai gostar completamente da pessoa pela qual você se apaixonar e te defender com unhas e dentes quando esse namorico acabar, mesmo que a culpa tenha sido sua seu amigo sabe que você quer ouvir o contrario, e assim ele faz. É, ele sabe fazer da explosão sentimental uma piada gostosa e contraditoria, mas você sorri, e pra ele é só o que importa. Seu amigo tem o abraço mais gostoso do mundo junto do sorriso mais bonito, entende as estrelas nos seus olhos e parece que sente de longe suas borboletas no estômago. Sabe quando é hora de falar e o que falar, mas também domina a arte do silencio mais confortador. Seu amigo é a pessoa que se um dia sair da sua vida leva junto um pedaço da sua alma e uma parte do seu coração. E pra essa madrugada eu não precisei de blues e coração partido, só de meia dúzia dos melhores amigos que alguém poderia ter.

domingo, 5 de julho de 2009

- gosto de algodão ;

chega a arder,
e se isso ainda assim não for amor
eu abro mão das palavras e passo a viver sem função.

terça-feira, 30 de junho de 2009

- dois palmos e muito chão ;

Você apareceu quando mais nada fazia sentido. Quando eu fugia sem rumo pra lugar nenhum acabei me encontrando no teu mundo as avessas e foi entusiasmo imediato o teu sorriso que era cura pra qualquer mal. Mas que deslealdade feroz foi destruir tudo de mais bonito que até então eu havia sentido, o maior calor que arde em peito com brandura. Agora eu me calo, me afasto, o nó eu desato e te deixo em espaço aberto entregue ao mundo que pode engolir e despistar o que foi feito ate aqui. Mas eu espero, que a candura um dia retorne, e traga com ela a felicidade e o bem estar, coisas que se perderam na falta de compreensão que renegamos. É, que o tempo que se faz silencio mostre que estamos prontas a certa concessão, que a saudade que queima e se alastra traga alguma reação significativa à pureza do que fomos no inicio. Eu vou ser direta em dizer que eu amo você, muito! Eu preciso de você, preciso fazer você feliz, pra que eu tenha a menor possibilidade de ser feliz junto. E plagiando, assim, um filme desses, eu desaguo aqui a minha esperança de que o tempo se encarregue de trazer de volta o que nunca vai deixar de ser meu.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

- melhor do mundo ;

Nada original escrever sobre frustrações amorosas enquanto olho a fumacinha do chocolate quente perfumar a madrugada. Duas tosses e o teclado fervilhando boa dúzia de coisas que eu poderia dizer pra quem não quer escutar são os únicos sons que ainda me brindam as duas da manhã. Pois bem, eu já me rendi demais às coisas clichês e o vazio do peito fica pra uma outra noite, ainda vão ser muitas sem te ver. Tenho um bom bocado de frustrações pessoais pra desaguar em caracteres que vão ficar aí, pra vez ou outra eu me lembrar das coisas que algum dia eu deixei de guardar pra mim. Tenho essa convicção, dias ruins rendem melhores palavras, é ! Quando em coração meu festeja esperança, pouca vontade tenho e me perco em mais sorrisos do que em boas divagações. Mas dias como esses, ah, dias como esses sempre transbordam inspirações. É que o mundo é assim mesmo, você nunca consegue ser tudo que pode nem ter tudo o que quer. Passam - se os anos e um acumulativo de planos se transformam, ou se aprimoram, depende se se encontram ou se perdem nos desejos. Quer saber ? Eu me perdi.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

- Y ;

Foi sem querer que eu me apaixonei por você. Pelo seu jeitinho calado, quieto, que sorri vezenquando de coisas sem sentindo. Pelo seu cabelo moderno e colorido que faz charme junto com seu modo torto de andar. Foi bem rápido, também, que eu me peguei te desejando todos os dias. Sem parar, sem cansar, sem questionar. Tão intenso foi cada minuto em braço teu, que me fazia cosquinhas e me rendia um soninho serelepe quando entrelaçar de dedos fazia nós no meu cabelo. Era paz sentir sua barriga subir e descer, respirando e reclamando. Seus carinhos mordiscavam o fim do dia frio no portão. Mas agora tudo que eu tenho é um restinho do seu perfume na minha mão, nas pontinhas dos dedos que você fez força pra soltar. Eu senti quando fui secar uma lágrima besta, que insiste em sentir sua falta na véspera do feriado romântico. Pois que então corram os dias, que venha a minha estação preferida congelando o que com um pedido de desculpas entediado você jogou ao vento.


domingo, 7 de junho de 2009

- uma semana;

Ventou frio apagando o calor de um amor incondicional e a brisa refrescou minha memoria sobre as milhas que andarei de volta pro lugar onde manias se encontram com cheiro de mato e cidade pequena. Vou de peito apertado, pra buscar sorrisos apagados, que o tempo despistou. Vou torcendo pra que a distancia te conte o quanto é bom ter por perto alguém alem do cheiro de cigarros, cervejas e desejos.

domingo, 10 de maio de 2009

- dona maria e dona rita, minhas donas;

Segundo domingo de maio, o primeiro em que eu não acordo vendo a manhã mais bonita cantada por barulhos de embrulhos e café na cama com pandega de cães ameaçando derramar tudo que foi preparado pra despistar o esgotamento camuflado em seu sorriso. Seus cachos avermelhados e desgrenhados emoldurando um rosto satisfeito que contempla a missão cumprida de ver o gesto unido sobre a cama de casal e sob o frio matutino. Seriam abraços e flores com cheiro de sono e certo desconcerto em felizar seu colo maternal. Antes eu costumava caber nele, eu nem me lembro desse tempo mas posso referir-me ao agora que é quando volto a habita-lo e contentar-me com isso. Em colo teu de peito acelerado grita uma saudade entorpecida, impotente. Em colo meu de peito apertado canta a reciproca que se rende às lágrimas rotineiras e que hoje, em especial, resolveram não cair.
É vazio maior ainda lembrar-me de não conseguir esquecer, que é o primeiro segundo domingo de maio sem pantufas rosas caminhando incessantemente pelos azulejos gelados da casa mais antiga que ainda reuni novos e velhos hábitos. Sem o sorriso e cabelos falhos, que se perderam com o tempo, assim como a lucidez. Ta ali, no meio daquelas nuvens que se desenham aqui com cores diferentes das que ilustram o céu cercado de montanhas daí, o olhar vago de quem ta muito longe mas nos dedicando sempre toda a atenção possível. Quem de alguma forma ta ali unindo todas essas lacunas brutas que surgiram no nosso elo inseparável
E hoje a noite eu não vou entrar no banheiro atrás de você pra comentar sobre a semana, sobre a novela ou qualquer outra coisa que valha, e nem vou ter tapas na mão amanhã pela manhã quando roubar as azeitonas do almoço que você estaria preparando na típica correria entre roupas no varal e telefone tocando. São coisas que se perderam no tempo quando eu me perdi em muitas milhas.
Mas quando a noite de fato chegar eu vou me deitar querendo escutar aquele velho radio amarelo tocar algumas musicas que não te agradam, sentir o cheiro forte do sofá azul que guarda historias de dias de ontem e amanhã de todo um clã, lembrar-me de como eu só assistia vocês duas caminhando de um lado para o outro ajeitando o o sono. Vou sentir seu gosto de café e cigarros e querer brinda-los com qualquer forma de orgulho que eu puder levar envolto em um laço de fitas coloridas como presente pra te entregar na volta pra casa.

terça-feira, 5 de maio de 2009

- mil agulhas

Um carro freia gastando pneus e expondo vozes na madrugada fria que toma conta da rua depois do meu portão, deveras meu, na verdade apenas me guarda e abriga enquanto conflito e desaguo as olheiras que em mil voltas na cama proclamam insistência em me acompanhar. Outrora eu fantasiaria essas trocas sibilantes tão comuns aos sons da minha vida mineiroca que ficou pra trás, mas hoje não, estou ocupada demais com papeis e calculadoras, adiando projectos e elaborando as desculpas que usarei pra desfazer expectativas que criei daquela típica forma efusiva.
Pois cá estou, saboreando o esgotamento diante da fadiga que me consome por essas tais responsabilidades. Alma do outro mundo representada em valores, em números e em obrigações. A noite voltou a me brindar silencio, como se fizesse questão de mostrar o quão sozinha eu caminho por aqui. Mas vou caminhando, a passos preguiçosos, custosos, que hora parecem não levar a lugar nenhum, mas que cedo ou tarde vão virar alguma esquina que me faça sorrir sem doer outra vez.

terça-feira, 28 de abril de 2009

- crônica pra dar alvitre de amar;

Eu ainda me lembro da primeira vez que você veio me buscar, ligou no celular ainda meio sem saber onde estava e me pediu pra sair de casa, ir te ver. Com você as coisas sempre são assim, repentinas, nada de planos ou clichés. Eu coloquei uma roupa qualquer, você sequer me deu tempo pra um banho e meias preferidas, fui como estava! Seu primeiro sorriso e beijo na bochecha desajeitado, eu tremia e nem sabia o que dizer. Chego a palpitar sobre o maior e mais sufocante silencio da minha vida. Passei todo o caminho pensando e medindo as palavras, e acabei por fim compartilhando do fazer calar da sua ingénua timidez.
Eu ainda me lembro do primeiro toque significativo. Nunca havia me sentido tão covarde quanto ali, olhando sua cabeça desfrutando de um sono leve, esperando o tempo passar. Eu olhava e olhava, juntando cada pedacinho de coragem até conseguir tocar com as pontas dos dedos uma mecha do seu cabelo, seguida de duas, três, até chegar na nuca. Falando vez ou outra coisa boba, me perdendo ali na ternura daqueles minutos cheios de tensão. De repente, e bem de leve, nossas mãos estavam juntas. Nunca soltarei.
Eu ainda me lembro do primeiro beijo. E de como foi difícil. Passava um filme que eu queria muito ver, mas não naquela hora, não existia concentração. Eu me virei como quem não quer nada e esperei você se permitir. Se eu fechar os olhos agora eu ainda posso sentir o doce do gosto da sua coca-cola. Você sorriu e sussurrou 'minha, só minha', bobagem a minha ainda perder tempo concordando com algo tão óbvio, oras! Sua, só sua.
Eu ainda me lembro das muitas vezes em que brigamos por coisas tão banais, tão estúpidas. Coisas tão pequenas com as quais a gente se ocupava ao invez de só se amar. Mas quer saber? Que brilho bonito existia em ir atrás e fazer as pazes, te sentir no meu abraço e prometer não deixar repetir. Mas repetia, e eu ouso achar graça dessa nossa maneira infantil de lidar com relacionamentos.
Eu ainda me lembro de como é bom te sentir pela primeira vez. E saber que isso vai ser pra sempre meu, de mais ninguém. Me lembro que você nem ao menos se lembra. Mas pra isso vieram as segundas, terceiras e incontáveis vezes que eu te senti. Que eu nos senti.
Eu ainda me lembro de como é bom ver você dormindo, e de como é bom acordar com você me vendo dormir. Ganhar um beijo de bom dia com gosto de sono, um abraço e um cafuné cheios de vontade de mais alguns pouquinhos de cama até a disposição pra levantar chegar de fato. Te obrigar a comer torradas com manteiga enquanto você me obriga a usar calças.
Eu ainda me lembro de duas noites atrás quando sua confusão se fez minha numa frase tão doída pelos dias : ' eu não quero te perder ' . 'Então não perde!', eu respondi enaltecendo o meu medo de seguir sem você. E eu não vou esquecer, nem por um momento, de esperar você voltar.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

o som da cidade nova ;

três meses, 
noventa dias, 
duas mil cento e sessenta horas, 
cento e vinte nove mil e seiscentos segundos.


"e voce sabe, você sabe que foi amor 
desde a primeira vez que nos tocamos. "



volta e traz contigo o resto de nossas vidas.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

- barulho de pés molhados ;

Olha só, não é que o céu azul do centro - oeste resolveu chorar e soprar frio um consolo pra minha tarde de planos fracassados. Pois é, mais uma vez o telefone não toca, e quando toca esmorece minhas expectativas de pode ouvir você dizer qualquer coisa que leve pra bem longe esse gelinho entorpecente que toma conta do vácuo físico entre o coração e a garganta. Chega a ser inspirador olhar o portão ficar ensopado enquanto espera calado que você apareça. É, já faz tempo que você não vem, talvez tenha se perdido, ou talvez se encontrado em outro alguém. Mas meu portão não liga. Andei pensando em pinta-lo mas tenho duvidas sobre qual é sua cor preferida. Quer saber a minha? Não, provavelmente você não quer, sempre assim, faz-se do tipo que nada importa e nem tem graça. Eu faço plagio e ignoro seu desapego fazendo que te irrite minha insistência sobre felicidade. Relâmpago, trovão, eu tenho medo mas acho bonito. Tão bonito quanto as cores do teu olhar quando acorda junto ao meu, aquelas cores que tem cheiro de sono e que fazem meu dia menos preto e branco. Mas também tem seu sorriso, ah sim, esse guarda as cores mais raras do mundo. Acho que é bonito o arco - íris de quando ambos se misturam, um degrade de tons nos quais eu mergulho de peito aberto. Mas faz alguns dias que as noites são mais escuras e a chuva chegou pra me lembrar que o tempo desbota aquele tal de amor.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

- adeus você;

Renuncio, pois cá e agora, à toda essa privação de vida. Esqueci onde havia deixado embrulhado o orgulho, que foi se ferindo e ferindo de insegurança estúpida e solitária. Ando tão só que fico feliz quando chove, só pra não sofrer mais com o silencio. Mas, enfim, desistência! Abstenho me das lágrimas que outrora acompanhariam essa minha decisão, não se ofenda, mas o alivio que sinto agora é maior que qualquer dor.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

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cansei de planos, deixe que o mundo assim se faz sonho.

- amor em desuso ;

Essas manchas lívidas sob os olhos anunciam aos quatro ventos da madrugada que pode ser manifesto vistoso esse sorriso bobo, vulgo paixão inexata, que dissonará falsa ternura e abrigará eterna candura. Resta, então, ao bem querer guardar solução ilusórioa de que simplicidade se faz ausência quando questionável se torna em suspiro a dor causada por um alivio que brada melancolia. Enfim brindemos a pátria dos nomes comuns à saudade perpétua sem heróis de papelão ! Eu, em humilde desistência, comovo a vilania em busca da avareza sórdida que lhes é servida. Sou da cor suja que o mundo provisório quiser me pintar. 

Sou saudade, sou sua.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

- um tanto quanto abstinência;

No maior auge eu poderia falar sobre tempo, ou sobre cabelos, ou sobre os dois. Mas as voltas sem fim, de um lado pro outro da cama, em busca de um sono que não vem, me trazem palavras certas sobre como meu colo tem exatamente o tamanho do seu amor. Como ambos se encaixam e se calam à espera de respostas claras que inibam a tortura que é a distancia. 
São caixas de presentes vazias de futuros, sem laços de fitas coloridas, sem traços. Muito além do sofá, do colchão maltrapilho, da cama pequena, ficaram as pontas dos dedos sobre a mesa: eram primeiros contatos do ultimo indicio, uma paixoneta. E não me questione sobre onde guardei felicidade, sozinha sai pra buscar um punhado de atenção, qualquer acalento sincero pra um coração estagnado no tempo de chorar magoas. 
Pras cucuias os dias que doeram, cresci melodia, letra e canção. Agora em verso e prosa eu afirmo, estou exatamente onde eu queria estar. Ainda me falta sua alegria, mas se a tantos falta tanta coisa, hei de me contentar com o que sei foi fazer memoria em peito enamorado de solidão. Poeta se faz de punição e em mim prevalece o fim da oferta.

terça-feira, 14 de abril de 2009

- coca sem cola ;

Desalinho proposital no cabelo e no tenis, gritos do artista preferido ilustrando uma camiseta que não se faz nova a algum tempo e em peito cadenciado a febre de amores passados. se faz cedo pra ser tarde demais, passos mesquinhos de sonhos sobre esse mundo moinho que se desata e se cria em ventos suburbanos egoístas. Alguém indefinido que por ventura cruza a linha da rua, peito aberto ao resto das cores e sons do dia que invadem induzindo a novidade que há-de se realizar. Que se faça intensidade na lata de refrigerante brindando o capitalismo e a sede da população, mas eu preferia uma dose de amor no bar da esquina.

domingo, 12 de abril de 2009

- necessidade adiada;

Antigamente eu gostava de anunciar o agora sem pressa, todo rabiscado numa utopia de linhas retas eu fazia do futuro mais um habito de ficar pra depois. Nessa de adiar, anseios e pretextos deram samba ritmados à chuva la fora. Qualquer dia me proponho essa de ser mais alguém pra mim, por enquanto guardo lembranças que me fazem acreditar que ir-se embora é coisa da estação, essas que vem e vão. 

- levar descaminho;

Bom dia saudosa ausência de costumes capitalistas românticos. Onde foi parar a disputa pra ver quem se lambuza mais de chocolate, depois de seguir pegadinhas feitas casa a fora com farinha? Vou assobiar uma canção antiga na beira da piscina enquanto fujo da monotonia barulhenta do silencio que faz la dentro. É de se acomodar em ser no agora e para sempre um amor recolhido em tempo que não passa, mas se arrasta. Vejam só meus caros, é mais um feriado sem aproximar-se de um ponto e segui-lo.


sábado, 11 de abril de 2009

- rouquidão;

Como é grande o poder de pertubação da sua presença, 
desregula meus flertes, 
incita o desconforto, o descontrole, o despreparo,
chegamos ao desastre.
Caótico coração que eu escuto em outros com firme tensão. 
Bate por mim, bate comigo, bate em mim. 

- dourado e cacheado;

Prestes a dar oito da manhã, era o horário que meu cachorro costumava a arranhar a porta do meu quarto pra entrar. Minha irmã havia ido pro colégio e meu pai pro trabalho, minha mãe cuidava de afazeres repetitivos e banais lá pra baixo. Nos primeiros, e únicos suportáveis, segundos, eu ignoraria as unhinhas dele implorando pra entrar. Mas logo me renderia e levantaria, ainda de olhos grudados do ultimo sonho que estava tendo e enrolada no meu edredon rosa, favorito. Abro a porta e ele vem me brindando uma alegria, uma saudade, como se tivesse ficado dias longe dali, 'agora não, bebê, quero dormir!', e fecho o olho de novo enquanto ele se muda de cama uma generosa quantidade de vezes. Pouco mais de meia hora depois eu escutaria minha mãe ligar o programa favorito de TV que ela nunca assiste, só escuta, lhe falta tempo. Varre, passa pano, me expulsa da cama e eu faço higiene matinal mecanicamente com sono demais pra saber o que ta acontecendo. Ela desce, o quarto ta limpo, e eu volto pra cama. Vez do cachorro, mordisca meu pé, sobe na cama, pula na minha barriga, e se não adianta : pula na minha cabeça como se deixasse escapar um sorriso ' chega de dormir, eu tenho necessidades fisiológicas'. Me levantaria, uma calça qualquer e um par de chinelos, numa boa manhã até pentearia o cabelo. Eu saio e sinto o abraço do dia ensolarado, aurora mineira brilhava nos pelinhos loiros e arrepiados de frio no meu braço, o cheiro de mato molhado, meia dúzia de passarinhos cantando cada um sua forma de galanteio e minha mãe largando as panelas no fogo só pra olhar enquanto a gente ia passear.

Mas que coisa, hoje é sábado!
Não tem aula, não tem trabalho, não tem tarefas corridas.
Só tem essa saudade de casa que não cabe mais em mim.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

- aguda mas molesta;

Chora, que o pranto é senhor pacificador de corações que sentem o frio dos feriados nas pontas dos dedos sozinhos. Lava essa alma cansada de não conseguir seguir repugnância por essas manias de meninas que se ocupam em passar o tempo com corações tatuados a caneta hidrocor. Essa tal insistência de papo com gosto salgado de lágrimas parece não enternecer alguma candura ainda abstrata em peito teu. E de que vale toda minha disputa questinoavel à razão dessa dor que só se faz voltar quando seu nome se cala, de que vale acreditar no tédio ? Só do mesmo tanto em que soam verdadeiras as suas promessas. Incansavelmente eu aguardei por alguma forma de arrependimento voluptuoso que te trouxesse pros meus braços de volta, celebrando o calor do nosso abraço, que tem só a nossa cor. Mas foi em vão, um sonho bonito bordado de desilusões sem cura que me ferem cada dia um pouco mais. 


Desejo que o vento do outono apague 
e pinte de amarelo folhas caídas um novo sentido que me de paz.

Já que depois vem o inverno.

terça-feira, 7 de abril de 2009

- índole caprichosa ;

Olhos vermelhos de chorar a falta que você já não me faz, ardem cansados de madrugadas aflitas, de musicas lentas e fotografias de que eu não faço parte. É assim que dou-me por vencida, sentindo em regresso costumes antigos, aqueles que costumavam me costurar em sonhos nossos. Covardia pura essa minha de fantasiar orgulho prum carnaval de depressão, quero mesmo é ir correndo, confete e serpentina, atrás do bloco onde 'eu te amo' funciona bem apenas pra uma canção de três acordes e solidão. Segue-se nessa de mascaras sorridentes, que bailam a noite toda brindando a mediocridade da substituição, mas que logo se jogam num canto, inseguras, desejando que o feriado chegue ao fim de outro alguém.
Quadros sem qualquer bom gosto me fazem companhia enquanto sinto o cheiro azul la de fora vindo apagar o parecer de flor murcha que você plantou por aqui. Doeu-se flagelo impiedoso quando rejeitou meu cuidado por pura inquietação, mas que receio sujo com alguém que lhe quis presentear com o mundo ! 
Pois bem, é com vergonha que admito que me dispo desse carater magoado, deixo por paginas passadas e sem cor prantos que me partem. Deixo a fuga esvair poesia e me trazer de volta o que um longínquo sopro de pés gelados conta nunca ter deixado de me pertencer. Faço prece de inseto, nada válida em solitude de chuva, mas gigante em mim que te aguarda. Sujeito-me ao risco, que é sonífero longe do teu lábio de calor gelado. E me entrego, finalmente, a concórdia da distancia que me doa tempo seguro de si, onde não desmorono nunca mais.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

- substantivo masculino, singular ;

amor (ô)

s. m.
1.  Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou atracção.
2.  Paixão atractiva entre duas pessoas.
3.  Afeição forte por outra pessoa.
4.  O próprio ser que se ama. (Us. tb. no pl.)
5.  Acto sexual.
6.  Brandura, suavidade.
7.  Paixão ou grande entusiasmo por algo.
amores

s. m. pl.
8.  Namoro.
9.  Tempo próprio para amar.

- dois;

        se faz contratempo desafeto, desapego, retrocesso.
        eu me faço ao te desprezar.
        partiu, omissão de desejos e verdades inesperadas.
        ainda te amo.

domingo, 5 de abril de 2009

- fim;

Eu que me expresso em retrocesso às desculpas mais caducas inventadas por conformismo em não conformar, me consolo nessa tal filosofia de absurdos paralelos a novos corpos e novos vícios, pura enganação, sabes bem ! Não me encontro fora do teu esnobe amor de relicário, ao contrario, perco-me em soluções óbvias que imploram veemente um punho forte pra lidar com essa fragmentação sentimental. Já ate confesso que café, cigarro e dor soariam clichés numa madrugada de suposta rejeição, confusão ilucida que afasta o fito piegas que criei na tentativa de te cuidar. Vai vento leva pra longe solidão desesperada, deixa que novos sorrisos cuidem de me trazer paz.

sábado, 4 de abril de 2009

- acho que te amava ;

Seus olhos poderiam silenciar um violão velho de cordas apaixonadas disposto a embalar seus sonhos até um novo dia raiar, melodias tristes que pedem uma voz rouca calada de beijos frios, perde-se na noite que sopra fria fria o fim de um outro dia de sol menor. Vê aqui que palavra pena chega muito próxima a si que se encontra brincando e gostando de ser. Alegria alegria ? Cornetas cantam hipocrisia nessa sua facilidade de esquecer. És de insensatez a mais confortável canção que num acto irreflectido eu quis repetir, quis propagar a equalização pra inquirir o bonito que sinto em todos os músculos cardíacos que ainda puderem ouvir. 
Roupas desdobradas, não me recordo tanto do seu nome em outros cheiros, seria vulgar demover a cor do cuidado com que decorei os tons do seu sorriso que eu não tiro. Nessa película desgostosa esta um fim que eu conheço e não comemoro, guaraná gelado na sessão da tarde. Não me espere mais pelas esquinas, avenidas e monstros de concreto que te abraçam, a viola velha fica em casa, mas você sabe que ao acaso eu me pego assobiando saudade. 

sexta-feira, 3 de abril de 2009

- sua;

Eu guardo as cores do teu toque como um pirata guarda suas moedas douradas, num baú velho e empenado, cheio de lascas de tempo e saudade. E nós que temos tantas canções, nós que temos todas as canções nos consolamos com o som da chuva que traz o amanhecer e que chora o entardecer. Fazer o que, a chave do baú se perdeu por entre as milhas e milhas que eu corri. Mas o inverno não me deixa mentir, não me deixa fugir! Não importa o quão rápido seja minha realidade abrupta e nova, uma hora as folhas vão cair, o céu vai tingir e o vento vai mostrar o caminho de três pontinhos numa mão sem volta.

- hurts;

Chega aquecendo inverno?
Com seu vento que sussura aconchego 
vem e tira essa dor de mim?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

- frio ;

Oi madrugada, será que você me responde aonde eu encontro felicidade?
Numa cura concreta, sem falhas, sem esse apertinho gélido no peito causado pelo desleixo.
Você sabe? Sabe me mostrar o caminho do crepúsculo sem esse vento frio?







Silencio.

terça-feira, 31 de março de 2009


Did you know? Did you know? 
It was love from the first time we touched ! (8)

- escovas ou meias;

Desejei um cigarro, na falta cocei a nuca olhando o nada mesmo. To sentindo o cheiro da chuva e esperando o finzinho da tarde entrar pela janela, me agrada esse clima enquanto espero você chegar. Eu já sei de cor como você faz, como vem andando brigando com o vento no cabelo, pára no portão e grita meu nome, meio com pressa, meio com sono, meio com vergonha e meio com desejo. Eu daqui de dentro faço mil trejeitos e corro pro espelho pra conferir se estou com o short que você gosta e o cabelo que você detesta, que é pra você ter um pretexto pra arrumar. É, você sabe que eu gosto bastante da sua forma de mexer no meu cabelo, costumo pegar no sono quando você começa, sono leve, do qual acordo de repente com você sorrindo pra mim. Ai, como eu gosto da sua forma de sorrir pra mim, e vez ou outra da vontade de parar o tempo, como fotografia, nesse seu sorrisinho sacana
O telefone nem tocou, mas eu sei que você vem. É sempre assim, a gente briga por essa ou aquela bobeira e você vem, correndo, pra dizer que eu to errada! Mas nem da tempo de dizer, quando eu abro o portão e você inclina a cabeça pra me olhar, querendo me encher de culpa, mal sabe que fazendo isso só me faz transbordar afeto. Você nem faz ideia das mil borboletas que sinto aqui no estômago quando eu abro o portão, e só tem uma forma delas se aquietarem, só uma! Sabe qual é ? Claro que sabe, você sempre faz . . . aquele seu jeito, de não deixar o abraço terminar quando eu recuo e fala baixinho, o que quer que seja, aqui no meu ouvido. Pronto, não tem mais borboleta, a não ser a do teu sorriso. O sorriso que diz ' ei sua tonta me beija logo ' . E eu beijo, e parece que todas as borboletas criaram casulos, tiveram filhos e se espalharam por todo o meu corpo! Mas Deus do Céu, me conta como você é capaz?!!
Ah, por falar nos filhos das borboletas, eu as vezes me pego pensando nos meus. Meus e só meus, porque você não quer filhos. E que triste isso ! Eu havia pensado nos nomes e na cor da cerca da casa, branca é claro. E também tinha pensado nos cães, o tamanho, o nome e como correriam pelo quintal junto com as crianças. Mas tudo bem, por você reformulo meus planos, refaço, costuro com os botões que você preferir. Quem sabe um dia em meio ao seu painelzinho de fotos desbotadas estejam duas crianças com meus olhos, quem sabe. 
Na outrora não sou eu que mando, alias, não mando em nada. Nem nesse maldito músculo que pula freneticamente descontrolado quando escuta os seus passos se aproximando do portão. Acho que você está chegando, e eu ainda posso me lembrar de quando chegou pela primeira vez.
Mas essa história fica pra um outro dia, sentada na varanda vendo outra tarde se acabar. Hoje nem dá mais tempo, seu cheiro chegou na minha janela e eu preciso ir correndo pro espelho me despentear.

- mais de um dia;

Dia nublado e ta tocando um blues antigo, 
aquele te fez entrar na dança da derrota!
Ao menos você sabe agora que não vive longe de mim,
demorou, mas aprendeu que eu não quero desistir.
E se ontem, ali no portão eu me rendia a libido frágil
da sua esperteza de saber onde eu gosto e como eu gosto
hoje sobrou um coração partido observando um copo vazio . . .
e o calor do seu abraço que voltou, sim, voltou
depois de mil voltas, mil milhas que andei por aí
encontrando um novo você em sorrisos com sotaques diferentes
é, essa coisa que é da gente ninguém tira
ta vendo aqui, como brilha mais quando brilha pra você?

ilusão.
mas quem liga pro nome que se dá quando é coisa do coração!

segunda-feira, 30 de março de 2009

- demode ;

como se fosse um cristal frágil, tudo se partiu em mil pedaços, tudo!
e eu que só quis te proteger desse mundo lá fora
acabei foi errando demais com alguem que só quer voar
feito passarinho, feito borboleta, feito liberdade.
pois bem, cá estamos
você livre e eu indo dormir consolada nas canções que voce prefere ouvir.


eu dou adeus às luzes da cidade.

sábado, 28 de março de 2009

- madrugada;

e se eu me apaixonar
pode ser do acaso relevar
pode ser do vento dor do tempo
e se a chuva, simpatia, não lavar essa alegria
eu te levo pro aconchego.

sexta-feira, 27 de março de 2009

- noite amarela ;

Chamei o garçom e pedi que completasse o meu copo com a dose mais forte, alguma que afligisse minha língua, ardesse meus olhos e descesse queimando, tirando, limpando, secando seu gosto em mim.
Eu me lembro, eu falei :
' seu garçom, nem o bom e velho rock me entende mais '
E o olhar dele me consolou por dois segundos, os mais longos da minha vida. Um olhar calado, que disse tudo e eu não ouvi nada, minha preocupação era com o ultimo cigarro e o próximo abraço.
Tomei gim, traguei duas vezes e me esqueci do garçom que também não se lembraria de mim em breve, sentei onde eu podia observar a porta e fiquei esperando quem ia comigo pelo resto da noite, entre canções e paixões, esperar o sol chegar.

- mordiscar;

sobre a insanidade possessiva que te pressiona
loucura indesejada, programada
te assusta quando estou assustada?


- da boca ;

o relógio acaba de brindar três da manhã com aquela que costumava ser a nossa canção, 
e esta frio aqui nesse lugar em que eu sei o que te assusta
onde sei o que você acaba preferindo
o lugar que eu insisto em chamar de meu, que insisto querer fazer nosso

ei, vem
deixa eu te trazer pra onde ainda acredito em algo alem da vulnerabilidade das palavras repetidas
eu prometo ser muito mais do que um dia alguém sonhou que seriamos
eu prometo que posso ser o que você precisa

fecha os olhos e lembra da estação que tinha nosso nome
que guardou muito mais que nosso cheiro
foi depois que as folhas caíram
levando junto suas roupas e sua pureza.

eu ainda me lembro do que você jamais soube.

- diamantes ;

Goiás tem o céu do azul mais profundo que eu já vi, mas que saudade do seu olho cor de piscina reprovando minhas tentativas de sobreviver cada noite. Eram neles que eu mergulhava, com a garantia de que mesmo longe da borda eu estaria segura. Vai saber se não bati as pernas rápido demais e agora a agua me levou pra onde sua mão já não vai mais me buscar caso o pé desencontre o chão.

aprendi a nadar.
mas o medo do escuro vai me afogar.


sobre o sabor do sorriso que eu nem lembro mais,
levou a minha paz . . . 



me leva de volta, papai?

- F5

atalho no teclado pra atualizar uma resposta que não vem, 
e que nem se faz necessária que no fundo eu sei bem 
que quaisquer que sejam as palavras sequer vão ser de verdade.




me acostumei a pegar no sono esperando você ligar,
acabou a bateria
acabou a paciência
acabou a calmaria
acabou eu e você.


ultima vez, apertei o botão
e não tive resposta.


desliguei.

quinta-feira, 26 de março de 2009

- hey rockers

Quando eu fui embora não foi sabendo que veria o reflexo de calças coloridas tão mais largas e olheiras ainda mais fundas que essas que a genética presenteou. Que seria de dor, nas costas, pernas e coração, que eu me queixaria em silencio. Viria insónia cheia de cansaço, fadiga. Viria o gosto de amigos da padaria da esquina, alivio imediato temporário.
E agora eu que já não sei mais do gosto frio dos primeiros raios de sol matutino e nem me preocupo se chove e molha a saída de asfalto, fico sentindo o chão gelado pra ver se encontro algo semelhante a partida pra não ter onde chegar. Insegurança paralisante que impulsiona mil atos de desespero carente, talvez, quem sabe, cale a saudade. Sonhar acordada não vai me levar a lugar nenhum, a não ser estacar no meio do caminho dessa juventude de cabelos desgrenhados e ideias desleais, diferentes do que eu quero e espero, mas completa e mecanicamente iguais ao que eu sou e o que me agrada ser.
O que importa agora é esquecer o medo e a solidão. Correr. Onde estão seus objetivos e ideais? Nem tudo é ilusão, e quem sabe nesses próximos dias ensolarados eu acorde com vontade de me pentear e ler um livro outra vez. Mas por enquanto eu quero a paz de uma guitarra, uma garrafa, algum desleixo vaidoso e coraçoes partidos. 
É, eu so tenho dezenove anos e não sei porque deveria querer me preocupar! 

- lealdade ;

de súbito se fez em mim amor
na velocidade da luz partiu ingenuidade
e na força abstrata que em tudo criou apaguei teu nome.









apaguei?

- permito;

vou dar um passo pra trás buscando seguir em frente.
não ligo de pegar o caminho errado
se for sua mão que estiver me guiando
não mesmo, não mais.








segure firme esta noite.

quarta-feira, 25 de março de 2009

- escuro ;

dia longo, cheio
mais cheio que o onibus em que eu estava e vi ela entrando.
veio segurando firme, 
isso com a firmeza que lhe cabia tantos anos depois,
nos apoios de cada lugar ocupado.
eu levantei, cedi o meu,
mecanicamente, num primeiro instante.
nem olhei pra ela, só sai e continuei perdida na musica que tocava.
numa fraçao de segundos sua mão roçou a minha
e eu virei o olhar, enfim, reparando o tempo.
existiam rugas e lutas
que me instigaram sobre seu rosto
mais meio segundo depois eu a assitia sorrir um agradecimento
e soava tão jovial
que me envergonhei de me sentir tão cansada,
eu que mal alcançava a cordinha do onibus
que nao sabia da vida o que cada veia velha dela gritava.

e no sorriso gasto
eu pude escutar suas pantufas pela casa outa vez
esperando que eu deixasse de sair, por uma noite que fosse,
pra dançar com você.
e lembrar do seu sorriso
me fez fechar o olho e deixar molhar
a bochecha da sua neta mais velha
que sentiu sua falta e voou pra longe
pra te achar numa dessas velinhas que ganham nossa ternura
so no olhar pesado
de quem ja sabe tudo quee eu ainda vou ter que enfrentar.

senti sua falta, vovó maria
hoje mais que tudo, eu senti sua falta
vai escolhendo uma musica bem boa no céu
pro dia que eu chegar a gente poder dançar duas vezes sem parar
ou até três, quem sabe(L'

- antigamente ;

quando meu segredo de amor 
já não se faz mais tão secreto
eu surpreendo-me a questionar
por que
em meio a tantas pessoas que existem nesse mundo
em meio a tantas pessoas que eu poderia ter amado
eu fui, num acaso, me apaixonar
justamente
por aquela que eu estava destinada a perder.

- quarta - feira

metade da semana, tarde de sol :

alguem dorme na rede com o som dos passarinhos  
e o meu sono sente inveja
tenho tarefas, tenho compromissos.

e tenho cinco trocados no bolso e um telefone na mão

me liga, diz que ta vindo
e eu troco vinte novos amigos de uma cartela toxica
por um dvd, sorvete e colo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

- tempestade ;

brilhou o relâmpago, calado, ali na janela
muitos anos atrás meu pai me ensinou a contar
quantos segundos se passam entre sua luz e o barulho
pra saber onde ele caiu.
parece que não caiu.

vou contar os segundos que passam
desde a ultima vez que brilhou no seu olho meu nome
e se fez barulho o que até então era inominável.
isso eu sei que caiu longe, bem distante pra buscar
nossos segundo viraram meses . . . 


cadê o som?
alem de todas as canções onde vejo você?


desligo o radio que é pra não queimar, 
paro o som que é pra não lembrar


mas a luz ainda brilha.

- choveu ;

queima, arde, me tira o sono que sequer existe
é amor e eu ja cansei de me negar
vou deixar quem quiser saber, vou contar pra você.

e se eu te deixar escolher o lado da cama 
será que você volta a fazer parte das minhas noites?


voltei, mas não foi pra ficar.
ainda prefiro dormir sem as meias 
mas agora do lado mais perto da porta.

sábado, 21 de março de 2009

- como for ;





se quebrou, partiu
partiu de mim e eu nem me despedi.






eu bem que te avisei que era ilusão
eu bem que te falei mesmo sem ter razão.
tudo ou nada, não
tudo ou nada, então.

quinta-feira, 19 de março de 2009

- pupila ;

se eu respirar de perto e suspeitar que é amor,
quem sabe eu sequer me engane, quem sabe eu ame.
vai saber do tempo ou coisa que o valha
o que eu sei é da vontade
que não passa, que alastra
que domina e me rebaixa.

em qualquer outrora eu me envergonharia
beberia e na loucura me perderia num outro lábio qualquer,
mas no instante que cresce agora só me faço a desejar você
na outra ponta do sofá
e na sombra vazia da cama


a voz dele cantando na varanda
e a sua na minha alma
a nossa, essa me manda esperar
e eu obedeço, feito cachorrinho domado,
to te esperando, no portão
e aqui fico sentada, o tempo que for


mas uma hora qualquer, numa estação qualquer 
. . . 

quarta-feira, 18 de março de 2009

- vai mudar ;

e toda vez que você me nota
me abraçando apertado
e me dizendo coisas doces
eu não acredito que você
estaria sendo sincero e falando a verdade
meus pés estão livres e eu estou partindo
eu não vou ficar aqui me sentindo sozinha
mas eu não me arrependo
e eu não acho que isso foi só uma perda de tempo



apenas não me deixe esperando
apenas não me deixe esperando




agora foi a minha preferida, preferida.

terça-feira, 17 de março de 2009

- silêncio de borboleta;

T.H. White disse:
Talvez nós entregamos o melhor dos nossos corações  para aqueles que raramente pensam em nós
Talvez nós entregamos nossos corações às pessoas que mais nos farão sofrer.

E agora o que eu digo ?
eu agradeço, só
por não me contar de um novo amor
não ia suportar saber que você deseja ser de outro alguém
como só eu sou sua.

e o que ainda resta pra ser dito está guardado no seu coração.

- grão de arroz ;

seu nome mente em meu peito, sobe pra mente e me faz
incondicionalmente, indiscutivelmente, inegavelmente, inconscientemente
completamente, e ênfase no completamente,
irresitivelmente, alucinadamente, inconformadamente








apaixonada por você.






mas é que infelizmente não é suficiente.










- mesmo na hora de acordar ;

ta gelado, e ta pequeno
como sempre fica quando se trata de você
ta apertado, ta magoado, ta assustado
mas ta batendo e não vai parar só porque aconteceu mais uma vez.
aconteceu de saber que você quer entrar em algum sonho, em algum lugar
que não é o que eu te levo todos os dias
aconteceu de novo de não acontecer, pra você.

dos dias corridos que não correm pra me levar até você
das noites que não trazem sono seguro
da promessa quebrada quando eu hoje só consegui chegar até sua caixa postal
e olha que ainda nem tinha chegado perto das três da manha.
mas a saudade bateu forte mais rápido, me quebrou, desandou

e sentimos as mesmas coisas, e queremos as mesmas coisas
eu com você, você com alguém
e que alguém saiba querer as mesmas coisas com você
que não deve saber como dói querer sozinha.


e pensar que era pra você que eu ia contar que não tinha mais como, 
que só podia se tratar do tal amor o jeito de ter você em mim,
mas querer que você se tornasse tudo
é querer demais de algo que não passa de um sonho.








- bobagem ;

O plágio embriagado de solidão cantou ao mundo seu coração sozinho, que batia e batia em todas as manhãs cinzentas que invadiam a janela com a brisa do beijo que nunca mais sentiu. E se revirava no canto da sala, no escuro que restava, em meio ao abraço que partiu. Eram doces as lembranças, mas amargava a falta. Perguntou porque quis, e o medo paralisava a espera da resposta que não chegava. Apagava as luzes, a cama tinha o cheiro de quem nunca ali esteve, aquela alma que perfumava cada minuto do dia, que sufocava e não deixava respirar. Embolava na garganta, parecia engatar um nó. Nó se faz e desfaz, cada vez que o tempo passa e você vai, cada vez que o tempo passa e você volta. E nessa lacuna de desencontros casuais, confessar da parte que você não entende é buscar ternura num vazio imenso de indecisão. Ou medo. 
Só guarde o querer verdadeiro, e venha trazer a reciprocidade que houver. Deixe que uma mão segure a outra e pare de se ocupar na tentativa de arrancar um coração. Escute o que for desejo, pratique o que for verdade e se aconchegue aqui no colo que não se cansa de esperar. Os olhos se fecharam cansados de buscar em cada rosto seu sorriso, é que se não for do seu lábio não tem graça o que vier. A lembrança do toque faz esvair a tristeza suave que agora presenteia o zelo disposto a lhe guiar. Esse tal de amor continua se fazendo de tolo.


- tijolinhos amarelos ;

não me peça pra jurar amor tão cedo, 
isso é algo com que eu não sei brincar e nem quero aprender.
mas eu prometo
em meio a esse arrepio frio que me invade 
quando escuto seu nome
que se você deixar, se você ao menos tentar deixar,
eu posso conseguir abafar essa paixão que dói de saudade
e te doar o amor mais puro e seguro.




deixa estar, deixa o amor chegar
deixa ele ficar e crescer, deixa ser.

segunda-feira, 16 de março de 2009

- da-me um desejo ;

Hoje quando alguem questionou a presença de estrelas no céu eu busquei duas: uma pra provar que elas estavam ali, em algum lugar, e a outra pra me permitir um pedido, simpatias daquelas que você não sabe onde ou com quem aprendeu, mas volta e meia se pega praticando.
Então eu entreguei a estrela do menino e se eu te beijar hoje já vai ser sentindo saudade por amanhã, né estrela?


- toca telefone?





"For what it's worth, 
darling dear, 
I wish you were here cause I feel alone When you were home we'd sing but since you've left I don't hear anything Though I feel so sad, 
I can't believe things are really that bad"





tocou, e não era você.

- que seja acaso ;

o céu aqui tem uma mania diferente de adotar cores doces e aconchegantes nas horas que encerram os dias, independente do que se marque no relógio e do que se guarde no peito, o céu aqui se colore pra te abraçar. 
me abraçou quando uma da manhã, uma lata de cerveja, um cigarro e a voz do outro lado da linha do telefone que demorou demais para chegar escutava eu me desculpar por praticar o desapego.



o céu aqui brilha limpo, também,
nem uma nuvem, daquelas que se escondem nas beiras das montanhas do meu lugar, chamando pra um passeio de algodão bem alto, longe de tudo. aqui brilha, forte e quente, o dia todo e quase todo dia. e ao meio dia seu verbo preferido se conjuga, o dia todo e quase todos os dias eu queria conseguir.



mas quando o sol esconder e o céu não brilhar
você sabe que eu vou estar aqui, vou esperar o tempo que for.
abstraindo dois tempos, dois nomes, e a insegurança que um dia me acompanhou
eu me entrego ao que vier como consequência
desejando que seja a segurança do seu abraço.



domingo, 15 de março de 2009

- deu meia - noite ;

duas cervejas, um cigarro, cinco saudades :
dela, de nós, de pais, de paz, de minas gerais.

- usados ;

quem me dera que todos os conselhos coubessem no meu bolso, 
fossem leves como plumas e ficassem confortáveis 
como um par de all star velhos, daqueles que sempre servem,
daqueles que mesmo sujos, sempre combinam com tudo
e que mesmo que não seja a forma mais bonita de se pisar na rua
é com eles que você atravessa na faixa, segura
e chega ao outro lado pra comprar um tenis novo.

- muda de nome ;

Cronica pra namorar era o nome do texto que aqui seguia enquanto eu esperava alguma reciprocidade ao que agoniou o dia todo a palma da minha mão. Sim, a palma da mão que nervosa se aperta no suor gelado de saudade, e de vontade, do que ficou no instante de um passado recente. Tão recente que ainda tenho o gosto daquilo que jurei poder fazer meu, daquilo em que insisto cada dia acreditar, daquilo que eu acordo querendo buscar e nunca mais deixar ir. Mas eu nunca consigo guardar num lugar seguro e você sempre atravessa a rua de volta, pra seguir um caminho que eu não posso acompanhar. Mas a reciprocidade não brilhou e a minha noite se apaga calada, sozinha e de leve, só se deixando mudar, assim como o nome do texto e o mesmo que aqui se faz desabafo de uma decepção.

- era pra ser segredo ;


pelo instante que passou, ficou saudade
bateu, espancou, chegou e assutou.
se alojou . . .
eu corri bem rápido, me escondi e despistei
mas nao deu mais
sendo pra sempre, sendo momento
eu quero que seja você que sinta igual o dia seguinte.

sábado, 14 de março de 2009

- rosa azul de algodão

a primeira estação está acabando,
senta aqui, vamos ver o verão passar
vamos ver novas aves chegando com a brisa do outono
o céu muda de cor, deixa mudar
só não muda de mim, 
por mais que eu saiba onde eu não sei mais como buscar.

- resposta ;

se você vier comigo aí nós vamos adiante.

sexta-feira, 13 de março de 2009

- folego ;

Vai saber que nome dá a isso que vem a mim vezenquando, criando contraste de tudo que há pra nós. Sim amigo, eu sou assim, e não adianta querer mudar as coisas agora, falta pouco. Pouco . . . pouco a mim, pouco em nós, pouco ficou. Repita várias vezes ' pouco pouco pouco ', soa estranho ? As vezes eu me perco nas palavras, as vezes as palavras se perdem em mim, e no pouco que restou eu perdi o pouco que doei. E vai saber do muito que se tem, vai saber ! Sabe-se, no agora de outrora, que nada aqui se mantem, e o muito que se ganha muito se perde, muito se vai. Foi, foi embora e não me levou, não quis me levar. Muito pouco. Fugiu de mim, correu sem nada, deixou prá trás comigo, e só comigo, o muito que ainda se tinha por perder. Ou não, não é mesmo necessario perder, eu não perdi. Guardei. Tem o cheiro dos dias que não passam, alcool e fumaça. Tem as marcas das tentativas avulsas de jogar na lixeirinha no canto do quarto. Mas vezenquando vem, vezenquando vai, e toda hora de escuro, de frio e de medo eu me lembro ainda mais.

- pregos ;

e então 
o que restava além da amizade com a carteira de cigarros 
e o copo de cerveja 
era a voz do outro lado da linha dizendo que embriagues não curava tristeza,
meio uma rima, meio uma duvida
todo o conselho doído do colo que eu não tenho mais.






ah pai, que falta você me faz.

- elogio ;

as calças laranja do meu pijama favorito
um par de pés 
acomodado num par de meias coloridas
um cabelo desgrenhado
uma camiseta velha com uma mensagem qualquer.
a caneca, que nem é a favorita, cheia de café,
vai vagando, vai sem sono, vai madrugada!

já é mais sábado que sexta de fato,
o ddd 32 já brilhou duas vezes
e eu já o disquei outras três.
mais uma dia, menos um dia.

onde eu guardo essa demora
esse nunca pro nunca mais?

guardei em mim, 
guardei em tudo, 
guardei tudo, 
guardei nós.


mas quem somos nós, 
e até onde é que nós vamos?


um travesseiro e um edredon
no sofá, sabe, tem visita
um ipod com suas canções preferidas
tem as minhas e as dos dias também.
computador ligado, relógio errado.

só sei é que são três horas da manhã
e a casa vazia e calada não me deixa deixar de querer.

- mês passado ;

o amor acontece.
e as vezes ele dorme apertadinho com você
mas acorda bem distante na ponta da cama,
quem sabe até vá dormir no sofá na próxima noite,
só que quando o amor acontece
vez ou outra ele volta a deitar tão perto
que a respiração é só uma, o corpo é só um
e dividir o edredon é só consequencia da saudade.


quinta-feira, 12 de março de 2009

terça-feira, 10 de março de 2009

- notas de papel e de alma ;

estou indo dormir.

faz alguns dias que não existe mais insonia,
a não ser aquela de preocupação com tempo e dinheiro.
o tipo de situação que eu via tirar o sono das pessoas mais velhas que eu,
com filhos pra criar etc e tal.

de uma hora pra outra com dois passos maoires 
que as perninhas adolescentes
eu comecei a ter essas preocupações, cresci.

estou indo dormir com o peso de mais um dia,
às contas, o desemprego, o trabalho da faculdade e a saudade de casa,
ali no meu escurinho vazio,
onde o acalento que me traz o sono e a razão é você.

boa noite.

segunda-feira, 9 de março de 2009

- oito entre parênteses ;

And what can you do 
With a girl, 
if she refuses to be mine?







da sua preferida, preferida.

- aplicada ;

minha boca está seca, meus braços formigando
meus olhos se fecham mas continuam abertos, os cílios se tocam
mas eu ainda estou bem acordada
flutuando e sentindo todas as ondas que passam no ar
a respiraçao é alta, muito alta
mas não é som algum, é aquilo que passa
uma dor, uma coceirinha de cor laranja
sem gosto

eu fui ver suas fotos, faz dois minutos
mas não tinham fotos lá, não as que eu queria encontrar.
se eu fechar os olhos, na verdade, não possuo a imagem
o toque, vagamente, o suficiente.
é que na verdade eu fecho os olhos e nem vejo mais, eu sinto.
que quando parece que tudo ja se quebrou pra sempre
minhas pernas ainda tremem esperando você chegar,
e minha mão ainda gela se você chegar.

é que se faz do tipo bonito de sentir :
daquele que dá saudade antes mesmo de acabar de despedir,
que só de olhar dá vontade de sorrir,
que quando encosta a cabeça cansada num canto qualquer 
aperta o olho e o dedo do pé de vontade,
do tipo que toda música faz cantar, e qualquer dança pode lembrar,
do tipo que faz abrir a geladeira de cinco em cinco minutos 
se não aparecer na próxima meia hora,
meio assim responsável por eu não saber do que o professor falou hoje.

metade do pacote de pipoca entornou
parece que elas estão vindo pra mim agora, 
é da doce
daquele pacote vermelho
a que minha melhor amiga comprava, eu preferia a azul
naquele tempo do colégio, que saudade.

e você, que ainda esta no colégio
e que vontade a minha de te buscar na saída todas as manhãs
ver você no meio de toda aquela gente, e fingir que não
só pra esperar você me achar, achou.

atravessa a rua, me abraça
mas dessa vez não me solta nunca mais.

quinta-feira, 5 de março de 2009

- direção ;

quando eu me sinto perdida 
passo grande parte do tempo me buscando onde eu queria estar,
nessas frases que você perde pelo assoalho, 
nas verdades e nas mentiras que não me pertecem
mas nas quais vez ou outra eu coloco meu nome,
eu coloco meus olhos e nos coloco.
penso que pode ser o que você quer deixar subentendido pra alguem
que talvez não exista, que talvez não te queira, que talvez não esteja presente
ou que talvez seja eu.

e é nessas que eu me escondo
com medo de descobrir o errado, ou o que estanque de vez
mas ainda há tempo pra você.

busque.

quarta-feira, 4 de março de 2009

- ante refrão

eu tive, eu amo
e nem perdi ainda
porque eu vejo e desejo
sabendo que ainda posso voltar atrás.

inútil a tentativa de deixar pra trás 
e esquecer a falta que é só você que me faz.

e a dor sobre saber que a gente não foi
que eu não fui
fica no passado!

porque não seria novidade nenhuma eu discordar.

não vou deixar você fugir de novo pra longe de mim.


- simplicidade ;

eu tenho sentido sua falta.
agora assim, sem rodeios ou palavras dificies
sem coisas bem escritas que ficam bonitas de se ler.
só isso, de mim, pra você
como sempre foi, e como pelo que tenho visto continuará sendo:
eu tenho sentido sua falta.


terça-feira, 3 de março de 2009

- a cada minuto ;

é que as vezes a gente tenta tentar.
e nessa frustrada maneira de convencer a si próprio de que a tentativa pode não ser falha
surge a ingrata recíproca de que nunca se deveria ter ao menos pensado em tentar.
a resposta é gélida,
sufoca e compromete a ambição de criar um novo rumo,
ignora a fração de certeza que eu preferia manter.

coração grita calado
quando eu sei que você escuta, 
quando eu sei que você deseja, 
quando eu sei que você se lembra, 
quando eu sei que você espera, 
quando eu sei que nada do que eu possa saber faz você ser.

segunda-feira, 2 de março de 2009

- enorme;




incrivel o poder de cura que me traz (L)




- que seja a cor ;

escute a cançao das luzes da cidade
isso se voce puder, é claro, sufocar o som da saudade.
creio que possa, 
creio que camufle, 
disfarce . . . 

escutou?
viu como a cidade é um oceano e meu coraçao partido uma ilha?
e como no mar imenso de solidão que me cerca quem naufragou foi você?
por mais que eu tentasse te trazer e te mostrar a praia,
por mais que daqui a vista fosse mais bonita, mais segura,
foi em meio as ondas sem rumo que voce preferiu habitar.
mergulhar.

e não sou eu quem vai, contigo, seguir os postes amarelos
esses que dão um tom de aconchego a cada noite na metropole.
ficarei da minha praia, sentindo falta do seu ar que me faz viver.

domingo, 1 de março de 2009

- roll

o céu tava bonito, umas poucas nuvens desenhadinhas
outras estrelas espalhadinhas e pra uma delas eu tinha acabado de pedir
que fosse uma noite nossa.
é, eu tava ali conversando com as estrelas enquanto você
desmanchava de tão perto cada palavra rasgada na noite anterior, 
sem estrelas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

- um pouco de fé;

tem nome a minha vontade.
tem cheiro, tem cor, tem toque, mas nada disso me pertence.
pertence ao peito a vontade, vontade com seu nome
que é vontade do seu cheiro, da sua cor, do seu toque.
vontade do calor que me falta quando o medo me abraça apertado,
calado, calado.

é só solidão.
é rejeição, é revolta, é só paixão.
e todo o problema estar em ser só, 
só sozinha vejo tudo chegar e passar.

passa comigo, passa por mim
arrasata e enfraquece, destrói cada grão de amor.
é, amor, esse seu amor.
ah esse seu amor . . . esse seu amor que abstrai tudo que é ruim
mas que sempre leva junto tudo que resta de mim.
que me traz rimas mas parte com um poema confuso, desgosto.


essa sua palavra, que me beija e me cala.
é, tem nome.


- cósmica

temporal que bate na janela, traz desapego apavorado
medroso instinto que conduz o caos da evolução
nessa necessidade de crescer e aprender a caminhar sobre meus próprios pés.
não estou pronta pra fluir em meio ao destino que só a mim pertence, 
sinto falta do cuidado, do caminho previamente traçado e bem guiado que segui ate então.
cantam os insetos com a voz da solidão
eles trazem um tom carregado de agonia
explanando um lugar que não é meu, um lugar onde eu nao sei ser.
mas é aí que o vento me lembra que é onde eu cheguei pra aprender.

grita em paz insegurança, arrebenta o peito e congela o que ficou pra trás
daqui pra frente somos eu e eu. eu e eu.