terça-feira, 5 de maio de 2009

- mil agulhas

Um carro freia gastando pneus e expondo vozes na madrugada fria que toma conta da rua depois do meu portão, deveras meu, na verdade apenas me guarda e abriga enquanto conflito e desaguo as olheiras que em mil voltas na cama proclamam insistência em me acompanhar. Outrora eu fantasiaria essas trocas sibilantes tão comuns aos sons da minha vida mineiroca que ficou pra trás, mas hoje não, estou ocupada demais com papeis e calculadoras, adiando projectos e elaborando as desculpas que usarei pra desfazer expectativas que criei daquela típica forma efusiva.
Pois cá estou, saboreando o esgotamento diante da fadiga que me consome por essas tais responsabilidades. Alma do outro mundo representada em valores, em números e em obrigações. A noite voltou a me brindar silencio, como se fizesse questão de mostrar o quão sozinha eu caminho por aqui. Mas vou caminhando, a passos preguiçosos, custosos, que hora parecem não levar a lugar nenhum, mas que cedo ou tarde vão virar alguma esquina que me faça sorrir sem doer outra vez.

Um comentário: