terça-feira, 28 de abril de 2009

- crônica pra dar alvitre de amar;

Eu ainda me lembro da primeira vez que você veio me buscar, ligou no celular ainda meio sem saber onde estava e me pediu pra sair de casa, ir te ver. Com você as coisas sempre são assim, repentinas, nada de planos ou clichés. Eu coloquei uma roupa qualquer, você sequer me deu tempo pra um banho e meias preferidas, fui como estava! Seu primeiro sorriso e beijo na bochecha desajeitado, eu tremia e nem sabia o que dizer. Chego a palpitar sobre o maior e mais sufocante silencio da minha vida. Passei todo o caminho pensando e medindo as palavras, e acabei por fim compartilhando do fazer calar da sua ingénua timidez.
Eu ainda me lembro do primeiro toque significativo. Nunca havia me sentido tão covarde quanto ali, olhando sua cabeça desfrutando de um sono leve, esperando o tempo passar. Eu olhava e olhava, juntando cada pedacinho de coragem até conseguir tocar com as pontas dos dedos uma mecha do seu cabelo, seguida de duas, três, até chegar na nuca. Falando vez ou outra coisa boba, me perdendo ali na ternura daqueles minutos cheios de tensão. De repente, e bem de leve, nossas mãos estavam juntas. Nunca soltarei.
Eu ainda me lembro do primeiro beijo. E de como foi difícil. Passava um filme que eu queria muito ver, mas não naquela hora, não existia concentração. Eu me virei como quem não quer nada e esperei você se permitir. Se eu fechar os olhos agora eu ainda posso sentir o doce do gosto da sua coca-cola. Você sorriu e sussurrou 'minha, só minha', bobagem a minha ainda perder tempo concordando com algo tão óbvio, oras! Sua, só sua.
Eu ainda me lembro das muitas vezes em que brigamos por coisas tão banais, tão estúpidas. Coisas tão pequenas com as quais a gente se ocupava ao invez de só se amar. Mas quer saber? Que brilho bonito existia em ir atrás e fazer as pazes, te sentir no meu abraço e prometer não deixar repetir. Mas repetia, e eu ouso achar graça dessa nossa maneira infantil de lidar com relacionamentos.
Eu ainda me lembro de como é bom te sentir pela primeira vez. E saber que isso vai ser pra sempre meu, de mais ninguém. Me lembro que você nem ao menos se lembra. Mas pra isso vieram as segundas, terceiras e incontáveis vezes que eu te senti. Que eu nos senti.
Eu ainda me lembro de como é bom ver você dormindo, e de como é bom acordar com você me vendo dormir. Ganhar um beijo de bom dia com gosto de sono, um abraço e um cafuné cheios de vontade de mais alguns pouquinhos de cama até a disposição pra levantar chegar de fato. Te obrigar a comer torradas com manteiga enquanto você me obriga a usar calças.
Eu ainda me lembro de duas noites atrás quando sua confusão se fez minha numa frase tão doída pelos dias : ' eu não quero te perder ' . 'Então não perde!', eu respondi enaltecendo o meu medo de seguir sem você. E eu não vou esquecer, nem por um momento, de esperar você voltar.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

o som da cidade nova ;

três meses, 
noventa dias, 
duas mil cento e sessenta horas, 
cento e vinte nove mil e seiscentos segundos.


"e voce sabe, você sabe que foi amor 
desde a primeira vez que nos tocamos. "



volta e traz contigo o resto de nossas vidas.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

- barulho de pés molhados ;

Olha só, não é que o céu azul do centro - oeste resolveu chorar e soprar frio um consolo pra minha tarde de planos fracassados. Pois é, mais uma vez o telefone não toca, e quando toca esmorece minhas expectativas de pode ouvir você dizer qualquer coisa que leve pra bem longe esse gelinho entorpecente que toma conta do vácuo físico entre o coração e a garganta. Chega a ser inspirador olhar o portão ficar ensopado enquanto espera calado que você apareça. É, já faz tempo que você não vem, talvez tenha se perdido, ou talvez se encontrado em outro alguém. Mas meu portão não liga. Andei pensando em pinta-lo mas tenho duvidas sobre qual é sua cor preferida. Quer saber a minha? Não, provavelmente você não quer, sempre assim, faz-se do tipo que nada importa e nem tem graça. Eu faço plagio e ignoro seu desapego fazendo que te irrite minha insistência sobre felicidade. Relâmpago, trovão, eu tenho medo mas acho bonito. Tão bonito quanto as cores do teu olhar quando acorda junto ao meu, aquelas cores que tem cheiro de sono e que fazem meu dia menos preto e branco. Mas também tem seu sorriso, ah sim, esse guarda as cores mais raras do mundo. Acho que é bonito o arco - íris de quando ambos se misturam, um degrade de tons nos quais eu mergulho de peito aberto. Mas faz alguns dias que as noites são mais escuras e a chuva chegou pra me lembrar que o tempo desbota aquele tal de amor.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

- adeus você;

Renuncio, pois cá e agora, à toda essa privação de vida. Esqueci onde havia deixado embrulhado o orgulho, que foi se ferindo e ferindo de insegurança estúpida e solitária. Ando tão só que fico feliz quando chove, só pra não sofrer mais com o silencio. Mas, enfim, desistência! Abstenho me das lágrimas que outrora acompanhariam essa minha decisão, não se ofenda, mas o alivio que sinto agora é maior que qualquer dor.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

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cansei de planos, deixe que o mundo assim se faz sonho.

- amor em desuso ;

Essas manchas lívidas sob os olhos anunciam aos quatro ventos da madrugada que pode ser manifesto vistoso esse sorriso bobo, vulgo paixão inexata, que dissonará falsa ternura e abrigará eterna candura. Resta, então, ao bem querer guardar solução ilusórioa de que simplicidade se faz ausência quando questionável se torna em suspiro a dor causada por um alivio que brada melancolia. Enfim brindemos a pátria dos nomes comuns à saudade perpétua sem heróis de papelão ! Eu, em humilde desistência, comovo a vilania em busca da avareza sórdida que lhes é servida. Sou da cor suja que o mundo provisório quiser me pintar. 

Sou saudade, sou sua.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

- um tanto quanto abstinência;

No maior auge eu poderia falar sobre tempo, ou sobre cabelos, ou sobre os dois. Mas as voltas sem fim, de um lado pro outro da cama, em busca de um sono que não vem, me trazem palavras certas sobre como meu colo tem exatamente o tamanho do seu amor. Como ambos se encaixam e se calam à espera de respostas claras que inibam a tortura que é a distancia. 
São caixas de presentes vazias de futuros, sem laços de fitas coloridas, sem traços. Muito além do sofá, do colchão maltrapilho, da cama pequena, ficaram as pontas dos dedos sobre a mesa: eram primeiros contatos do ultimo indicio, uma paixoneta. E não me questione sobre onde guardei felicidade, sozinha sai pra buscar um punhado de atenção, qualquer acalento sincero pra um coração estagnado no tempo de chorar magoas. 
Pras cucuias os dias que doeram, cresci melodia, letra e canção. Agora em verso e prosa eu afirmo, estou exatamente onde eu queria estar. Ainda me falta sua alegria, mas se a tantos falta tanta coisa, hei de me contentar com o que sei foi fazer memoria em peito enamorado de solidão. Poeta se faz de punição e em mim prevalece o fim da oferta.

terça-feira, 14 de abril de 2009

- coca sem cola ;

Desalinho proposital no cabelo e no tenis, gritos do artista preferido ilustrando uma camiseta que não se faz nova a algum tempo e em peito cadenciado a febre de amores passados. se faz cedo pra ser tarde demais, passos mesquinhos de sonhos sobre esse mundo moinho que se desata e se cria em ventos suburbanos egoístas. Alguém indefinido que por ventura cruza a linha da rua, peito aberto ao resto das cores e sons do dia que invadem induzindo a novidade que há-de se realizar. Que se faça intensidade na lata de refrigerante brindando o capitalismo e a sede da população, mas eu preferia uma dose de amor no bar da esquina.

domingo, 12 de abril de 2009

- necessidade adiada;

Antigamente eu gostava de anunciar o agora sem pressa, todo rabiscado numa utopia de linhas retas eu fazia do futuro mais um habito de ficar pra depois. Nessa de adiar, anseios e pretextos deram samba ritmados à chuva la fora. Qualquer dia me proponho essa de ser mais alguém pra mim, por enquanto guardo lembranças que me fazem acreditar que ir-se embora é coisa da estação, essas que vem e vão. 

- levar descaminho;

Bom dia saudosa ausência de costumes capitalistas românticos. Onde foi parar a disputa pra ver quem se lambuza mais de chocolate, depois de seguir pegadinhas feitas casa a fora com farinha? Vou assobiar uma canção antiga na beira da piscina enquanto fujo da monotonia barulhenta do silencio que faz la dentro. É de se acomodar em ser no agora e para sempre um amor recolhido em tempo que não passa, mas se arrasta. Vejam só meus caros, é mais um feriado sem aproximar-se de um ponto e segui-lo.


sábado, 11 de abril de 2009

- rouquidão;

Como é grande o poder de pertubação da sua presença, 
desregula meus flertes, 
incita o desconforto, o descontrole, o despreparo,
chegamos ao desastre.
Caótico coração que eu escuto em outros com firme tensão. 
Bate por mim, bate comigo, bate em mim. 

- dourado e cacheado;

Prestes a dar oito da manhã, era o horário que meu cachorro costumava a arranhar a porta do meu quarto pra entrar. Minha irmã havia ido pro colégio e meu pai pro trabalho, minha mãe cuidava de afazeres repetitivos e banais lá pra baixo. Nos primeiros, e únicos suportáveis, segundos, eu ignoraria as unhinhas dele implorando pra entrar. Mas logo me renderia e levantaria, ainda de olhos grudados do ultimo sonho que estava tendo e enrolada no meu edredon rosa, favorito. Abro a porta e ele vem me brindando uma alegria, uma saudade, como se tivesse ficado dias longe dali, 'agora não, bebê, quero dormir!', e fecho o olho de novo enquanto ele se muda de cama uma generosa quantidade de vezes. Pouco mais de meia hora depois eu escutaria minha mãe ligar o programa favorito de TV que ela nunca assiste, só escuta, lhe falta tempo. Varre, passa pano, me expulsa da cama e eu faço higiene matinal mecanicamente com sono demais pra saber o que ta acontecendo. Ela desce, o quarto ta limpo, e eu volto pra cama. Vez do cachorro, mordisca meu pé, sobe na cama, pula na minha barriga, e se não adianta : pula na minha cabeça como se deixasse escapar um sorriso ' chega de dormir, eu tenho necessidades fisiológicas'. Me levantaria, uma calça qualquer e um par de chinelos, numa boa manhã até pentearia o cabelo. Eu saio e sinto o abraço do dia ensolarado, aurora mineira brilhava nos pelinhos loiros e arrepiados de frio no meu braço, o cheiro de mato molhado, meia dúzia de passarinhos cantando cada um sua forma de galanteio e minha mãe largando as panelas no fogo só pra olhar enquanto a gente ia passear.

Mas que coisa, hoje é sábado!
Não tem aula, não tem trabalho, não tem tarefas corridas.
Só tem essa saudade de casa que não cabe mais em mim.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

- aguda mas molesta;

Chora, que o pranto é senhor pacificador de corações que sentem o frio dos feriados nas pontas dos dedos sozinhos. Lava essa alma cansada de não conseguir seguir repugnância por essas manias de meninas que se ocupam em passar o tempo com corações tatuados a caneta hidrocor. Essa tal insistência de papo com gosto salgado de lágrimas parece não enternecer alguma candura ainda abstrata em peito teu. E de que vale toda minha disputa questinoavel à razão dessa dor que só se faz voltar quando seu nome se cala, de que vale acreditar no tédio ? Só do mesmo tanto em que soam verdadeiras as suas promessas. Incansavelmente eu aguardei por alguma forma de arrependimento voluptuoso que te trouxesse pros meus braços de volta, celebrando o calor do nosso abraço, que tem só a nossa cor. Mas foi em vão, um sonho bonito bordado de desilusões sem cura que me ferem cada dia um pouco mais. 


Desejo que o vento do outono apague 
e pinte de amarelo folhas caídas um novo sentido que me de paz.

Já que depois vem o inverno.

terça-feira, 7 de abril de 2009

- índole caprichosa ;

Olhos vermelhos de chorar a falta que você já não me faz, ardem cansados de madrugadas aflitas, de musicas lentas e fotografias de que eu não faço parte. É assim que dou-me por vencida, sentindo em regresso costumes antigos, aqueles que costumavam me costurar em sonhos nossos. Covardia pura essa minha de fantasiar orgulho prum carnaval de depressão, quero mesmo é ir correndo, confete e serpentina, atrás do bloco onde 'eu te amo' funciona bem apenas pra uma canção de três acordes e solidão. Segue-se nessa de mascaras sorridentes, que bailam a noite toda brindando a mediocridade da substituição, mas que logo se jogam num canto, inseguras, desejando que o feriado chegue ao fim de outro alguém.
Quadros sem qualquer bom gosto me fazem companhia enquanto sinto o cheiro azul la de fora vindo apagar o parecer de flor murcha que você plantou por aqui. Doeu-se flagelo impiedoso quando rejeitou meu cuidado por pura inquietação, mas que receio sujo com alguém que lhe quis presentear com o mundo ! 
Pois bem, é com vergonha que admito que me dispo desse carater magoado, deixo por paginas passadas e sem cor prantos que me partem. Deixo a fuga esvair poesia e me trazer de volta o que um longínquo sopro de pés gelados conta nunca ter deixado de me pertencer. Faço prece de inseto, nada válida em solitude de chuva, mas gigante em mim que te aguarda. Sujeito-me ao risco, que é sonífero longe do teu lábio de calor gelado. E me entrego, finalmente, a concórdia da distancia que me doa tempo seguro de si, onde não desmorono nunca mais.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

- substantivo masculino, singular ;

amor (ô)

s. m.
1.  Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou atracção.
2.  Paixão atractiva entre duas pessoas.
3.  Afeição forte por outra pessoa.
4.  O próprio ser que se ama. (Us. tb. no pl.)
5.  Acto sexual.
6.  Brandura, suavidade.
7.  Paixão ou grande entusiasmo por algo.
amores

s. m. pl.
8.  Namoro.
9.  Tempo próprio para amar.

- dois;

        se faz contratempo desafeto, desapego, retrocesso.
        eu me faço ao te desprezar.
        partiu, omissão de desejos e verdades inesperadas.
        ainda te amo.

domingo, 5 de abril de 2009

- fim;

Eu que me expresso em retrocesso às desculpas mais caducas inventadas por conformismo em não conformar, me consolo nessa tal filosofia de absurdos paralelos a novos corpos e novos vícios, pura enganação, sabes bem ! Não me encontro fora do teu esnobe amor de relicário, ao contrario, perco-me em soluções óbvias que imploram veemente um punho forte pra lidar com essa fragmentação sentimental. Já ate confesso que café, cigarro e dor soariam clichés numa madrugada de suposta rejeição, confusão ilucida que afasta o fito piegas que criei na tentativa de te cuidar. Vai vento leva pra longe solidão desesperada, deixa que novos sorrisos cuidem de me trazer paz.

sábado, 4 de abril de 2009

- acho que te amava ;

Seus olhos poderiam silenciar um violão velho de cordas apaixonadas disposto a embalar seus sonhos até um novo dia raiar, melodias tristes que pedem uma voz rouca calada de beijos frios, perde-se na noite que sopra fria fria o fim de um outro dia de sol menor. Vê aqui que palavra pena chega muito próxima a si que se encontra brincando e gostando de ser. Alegria alegria ? Cornetas cantam hipocrisia nessa sua facilidade de esquecer. És de insensatez a mais confortável canção que num acto irreflectido eu quis repetir, quis propagar a equalização pra inquirir o bonito que sinto em todos os músculos cardíacos que ainda puderem ouvir. 
Roupas desdobradas, não me recordo tanto do seu nome em outros cheiros, seria vulgar demover a cor do cuidado com que decorei os tons do seu sorriso que eu não tiro. Nessa película desgostosa esta um fim que eu conheço e não comemoro, guaraná gelado na sessão da tarde. Não me espere mais pelas esquinas, avenidas e monstros de concreto que te abraçam, a viola velha fica em casa, mas você sabe que ao acaso eu me pego assobiando saudade. 

sexta-feira, 3 de abril de 2009

- sua;

Eu guardo as cores do teu toque como um pirata guarda suas moedas douradas, num baú velho e empenado, cheio de lascas de tempo e saudade. E nós que temos tantas canções, nós que temos todas as canções nos consolamos com o som da chuva que traz o amanhecer e que chora o entardecer. Fazer o que, a chave do baú se perdeu por entre as milhas e milhas que eu corri. Mas o inverno não me deixa mentir, não me deixa fugir! Não importa o quão rápido seja minha realidade abrupta e nova, uma hora as folhas vão cair, o céu vai tingir e o vento vai mostrar o caminho de três pontinhos numa mão sem volta.

- hurts;

Chega aquecendo inverno?
Com seu vento que sussura aconchego 
vem e tira essa dor de mim?

quarta-feira, 1 de abril de 2009

- frio ;

Oi madrugada, será que você me responde aonde eu encontro felicidade?
Numa cura concreta, sem falhas, sem esse apertinho gélido no peito causado pelo desleixo.
Você sabe? Sabe me mostrar o caminho do crepúsculo sem esse vento frio?







Silencio.