O telefone nem tocou, mas eu sei que você vem. É sempre assim, a gente briga por essa ou aquela bobeira e você vem, correndo, pra dizer que eu to errada! Mas nem da tempo de dizer, quando eu abro o portão e você inclina a cabeça pra me olhar, querendo me encher de culpa, mal sabe que fazendo isso só me faz transbordar afeto. Você nem faz ideia das mil borboletas que sinto aqui no estômago quando eu abro o portão, e só tem uma forma delas se aquietarem, só uma! Sabe qual é né? Claro que sabe, você sempre faz . . . aquele seu jeito, de não deixar o abraço terminar quando eu recuo e fala baixinho, o que quer que seja, aqui no meu ouvido. Pronto, não tem mais borboleta, a não ser a do teu sorriso. O sorriso que diz ' ei sua tonta me beija logo ' . E eu beijo, e parece que todas as borboletas criaram casulos, tiveram filhos e se espalharam por todo o meu corpo! Mas Deus do Céu, me conta como você é capaz?!!
Ah, por falar nos filhos das borboletas, eu as vezes me pego pensando nos meus. Meus e só meus, porque você não quer filhos. E que triste isso ! Eu já havia pensado nos nomes e na cor da cerca da casa, branca é claro. E também já tinha pensado nos cães, o tamanho, o nome e como correriam pelo quintal junto com as crianças. Mas tudo bem, por você reformulo meus planos, refaço, costuro com os botões que você preferir. Quem sabe um dia em meio ao seu painelzinho de fotos desbotadas estejam duas crianças com meus olhos, quem sabe.
Na outrora não sou eu que mando, alias, não mando em nada. Nem nesse maldito músculo que pula freneticamente descontrolado quando escuta os seus passos se aproximando do portão. Acho que você está chegando, e eu ainda posso me lembrar de quando chegou pela primeira vez.
Mas essa história fica pra um outro dia, sentada na varanda vendo outra tarde se acabar. Hoje nem dá mais tempo, seu cheiro já chegou na minha janela e eu preciso ir correndo pro espelho me despentear.
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